Agressividade infantil: O que é, tipos e causas mais comuns
Todo mundo sabe que criança faz birra. É natural, esperado e faz parte da faixa etária.
Um dos motivos pelos quais isso ocorre é o neocórtex em formação dos pequenos.
Essa é a área do cérebro responsável pela reflexão, pelo pensamento e pela solução de problemas.
Como esse neocórtex ainda está em desenvolvimento, ele pode entrar em uma espécie de choque em alguns momentos.
Isso causa os famosos “ataques” dos pequenos – episódios de agressividade infantil, geralmente acompanhados de choro e raiva.
Então, não se preocupe: boa parte dos ataques agressivos dos seus pequenos são normais e serão cada vez menos frequentes conforme a criança for ficando mais velha.
Mas e se não forem? Como identificar quando os níveis de agressividade deixam de ser normais?
Esse artigo traz algumas dicas sobre esse assunto. Boa leitura!
O que é e como identificar a agressividade infantil?
Se o seu filho tiver alguns acessos de ira e você não souber como ajudá-lo a controlar sua raiva, não se preocupe: você não é o único pai ou mãe a passar por isso.
A agressividade é qualquer comportamento que tenha intenção de machucar ou destruir um objeto, um animal ou alguém.
A agressividade é um comportamento hostil no qual a intenção é o uso da força para sobrepor algo ou alguém.
Todas as pessoas têm um certo nível de agressividade – às vezes, se torna uma ação necessária em questões de sobrevivência.
Geralmente, esse impulso ocorre para ter controle do que está acontecendo ou para fugir de situações de risco.
Isso é perfeitamente normal e não é uma doença.
Nos primeiros anos de vida, em especial até os 5 anos, a criança tem mais comportamentos agressivos, pois ainda está em fase de amadurecimento atitudinal e emocional.
Exemplo: uma criança que quer muito um brinquedo que está com outra criança pode acabar batendo ou tentando puxar o brinquedo à força, sem consentimento, para tomá-lo para si.
Conforme os pequenos vão crescendo, aprendem a controlar os impulsos, regulam as emoções e aprendem alternativas mais eficazes e gentis para lidar com essa agressividade.
Veja alguns tipos de intervenções para contribuir com o desenvolvimento do autocontrole nos pequenos:
- Conversar;
- Negociar;
- Explicar;
- Convencer;
- Contextualizar a situação;
- Tolerar stress;
- Planejar;
- Combinar.
Como se dá esse aprendizado? As crianças são pequenas esponjinhas.
Elas imitam o comportamento e aprendem a se comportar ao observar os pais, a família, os educadores e os amigos.
Isso quer dizer que você não pode esperar que uma criança aja de maneira gentil e educada se o ambiente familiar é carregado de conflitos.
Quais são os tipos mais comuns de agressividade infantil?
Agressividade hostil
Nesse tipo de comportamento, a criança tem como objetivo imediato agredir o outro. Geralmente, é o que ocorre em uma briga.
Agressividade instrumental
Nesse caso, a criança usa a agressividade para conseguir algo, como comida, atenção ou algum objeto específico.
Também pode ser uma maneira de evitar algo, como quando as crianças não querem tomar banho, ir à escola ou cumprir com suas responsabilidades diárias.
Agressividade reativa
Nesse caso, as crianças reagem de forma impulsiva, sem controle, de maneira agressiva.
Agressividade pró-ativa
Aqui, a criança planeja esse ato de agressividade.
Mas calma, ok? Isso não quer dizer que a criança seja má.
Pode acontecer, por exemplo, se o pequeno estiver com muito medo de ir à escola por estar vivenciando algum conflito.
Ele pode planejar uma maneira de não ir e, caso confrontado, reagir com agressividade.
Agressividade direta
Esse comportamento infantil é mais explícito, como bater ou xingar alguém.
Agressividade indireta
Aqui, o comportamento agressivo infantil é mais velado, quase escondido.
Pode se manifestar quando a criança conta uma mentira sobre um coleguinha, exclui alguém do grupo ou deixa de convidar alguém para uma festa propositalmente.
Todas essas manifestações comportamentais são normais e naturais.
Fazem parte da fase de crescimento dos pequenos e, claro, é responsabilidade dos pais tentar ajudar e explicar os motivos pelos quais esse comportamento é errado.
E como saber se a agressividade infantil é algo preocupante?
Esse comportamento passa a ser um problema quando tem uma frequência, uma intensidade e uma duração maior do que o esperado para a faixa etária.
Para identificar algum sinal de doença mental (transtorno), os especialistas levam em conta:
- Idade;
- Estágio de desenvolvimento;
- Ambiente em que a criança está vivendo.
Além disso, os médicos procuram identificar se a criança está passando por algum momento de sofrimento ou se essa agressividade está causando algum prejuízo ao desenvolvimento.
O reflexo na vida familiar – por exemplo, se a agressividade infantil está causando algum dano à vida dos pais – também será um fator levado em consideração.
8 principais causas de agressividade infantil
Geralmente, quando as crianças se comportam de forma agressiva, esse é um sintoma de problemas mais profundos.
A agressividade infantil é bastante polimórfica e pode indicar uma série de condições psiquiátricas, condições médicas ou reações a circunstâncias da vida.
Por isso, é fundamental identificar o que causa a agressividade infantil para realizar as melhores intervenções e ajudar a criança neste processo.
Vamos listar 8 das causas mais comuns para a agressividade infantil.
Muito provavelmente, os motivos para a agressividade infantil do seu pequeno são normais e correspondem à faixa etária.
No entanto, é importante ficar atento para os casos em que essa agressividade ocorrer com muita frequência e muita intensidade.
1. Distúrbios de humor
Crianças bipolares, quando estão no estágio maníaco, frequentemente se tornam agressivas.
Isso porque elas perdem o autocontrole e se tornam impulsivas.
No outro extremo do espectro – ou seja, quando ficam deprimidas -, essas crianças podem se tornar irritáveis e reagir com agressividade.
2. Doenças psicóticas
Algumas doenças psicóticas também podem se manifestar com agressividade.
Crianças com esquizofrenia costumam responder a estímulos internos que podem se tornar perturbadores.
Os pequenos podem se tornar desconfiados ou paranoicos, e se afastam das pessoas, de forma abrupta, por causa do próprio medo.
Neste caso a manifestação da psicose pode se dar através de delírios ou alucinações, causando dificuldade em distinguir o falso do verdadeiro.
3. Frustração
Crianças com problemas de cognição ou de comunicação podem se manifestar com comportamentos agressivos.
Quando isso acontece, é porque as crianças estão tendo dificuldade em lidar com a ansiedade ou a frustração e não conseguem verbalizar os sentimentos como as outras pessoas.
A agressão também pode ser uma forma de impulsividade.
4. Impulsividade
Existem também alguns distúrbios de comportamento.
Em crianças com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), por exemplo, a impulsividade e a má tomada de decisão podem levar a comportamentos interpretados como agressivos.
Essas crianças geralmente não pensam muito sobre as consequências das ações, e isso faz com que pareçam insensíveis ou maliciosas, mesmo sem intenção.
5. Transtorno de conduta
Nesse tipo de distúrbio, a agressividade faz parte da essência da doença.
Ao contrário da criança que simplesmente não está pensando nas consequências das ações, as crianças com transtorno de conduta são intencionalmente maliciosas.
Sendo assim, o tratamento e o prognóstico são bem diferentes. Sendo consideravelmente importante buscar acompanhamento psicológico ou psiquiátrico.
6. Lesões
Às vezes, as razões para a agressividade são orgânicas. A criança pode ter alguma lesão no lobo frontal do cérebro ou algum tipo de epilepsia.
Nesse caso, não adianta tentar identificar um motivo racional para o episódio agressivo, que pode ser simplesmente um momento de explosão, sem motivo algum.
7. Trauma
Há momentos em que crianças ou adolescentes reagem de maneira agressiva quando estão sob muito estresse.
Isso é uma reação e não representa uma doença emocional subjacente. É importante que os pais prestem atenção.
Esse tipo de reação é rara. Se começar a ocorrer com muita frequência, pode ser um sintoma de um problema emocional latente.
8. Mudanças
Crianças não lidam bem com mudanças. Os pequenos se acostumam com uma rotina e, quando esse padrão é quebrado, eles podem ficar confusos.
A chegada de um irmãozinho, por exemplo, ou a separação dos pais, é algo que pode desestruturar a rotina de uma criança.
Se ela se sentir ameaçada, pode reagir com agressividade. Isso também pode acontecer por ciúmes.
O comportamento é normal e até esperado, na maioria dos casos.
Fique atento se a criança não evoluir ou se começar a demonstrar raiva ou agressividade com o bebê, por exemplo.
Como lidar com esse comportamento?
1. Paciência
Bom, essa é a principal dica para a paternidade e para a maternidade de modo geral.
É importante lembrar – e acredite, às vezes, você vai esquecer – de que você está lidando com uma criança.
Uma criança é uma pessoa que ainda está em desenvolvimento cognitivo e corporal. Portanto, você não pode esperar o mesmo comportamento que um adulto teria.
Não se descontrole com os pequenos. E não confunda ter paciência com aceitar a situação.
É importante explicar que a criança não deve reagir assim e detalhar quais são as consequências de um comportamento agressivo.
Mas você precisa ter autocontrole para não assustar a criança ou não reagir também de forma agressiva.
2. Estabeleça regras e limites
As crianças funcionam bem com regras e rotinas. Você precisa estabelecer uma autoridade para que esse comportamento agressivo da criança seja desestimulado.
A criança precisa ter em mente que o comportamento agressivo não será tolerado no ambiente familiar e que não vai conseguir nada com isso – nenhuma recompensa ou cedência acontecerá para “aquietar” a criança, por exemplo -, assim sendo mais provável que a criança acabe por evitar este tipo de comportamento ou reação.
3. Ambiente acolhedor
Crianças são “esponjas”. Se o ambiente familiar for hostil e violento, muito provavelmente a criança vai desenvolver esse tipo de comportamento.
Para evitar que a criança naturalize a agressividade, a família deve promover um ambiente acolhedor e tranquilo.
Os pequenos precisam se sentir seguros, com abertura para falar sobre seus sentimentos e se expressar com relação aos acontecimentos em suas vidas.
5 filmes para trabalhar a raiva e outras emoções
1. Divertida Mente
Divertida Mente é uma animação da Disney e da Pixar que sempre aparece em listas indicadas para crianças.
A história mostra como 5 emoções – Tristeza, Alegria, Nojinho, Raiva e Medo -, retratadas por personagens, se comportam dentro da cabeça da protagonista, a menina Riley, de 11 anos.
Quando a família de Riley se muda para outra cidade, as emoções entram em polvorosa.
Por um erro na “sala de comando”, Alegria e Tristeza saem do controle, e isso afeta a vida de Riley radicalmente.
2. Extraordinário
Extraordinário é um filme que emociona qualquer um.
O longa conta a história de Auggie, um menino que nasceu com uma deformidade facial e que, aos 10 anos, já passou por 27 cirurgias plásticas.
Quando começa a frequentar a escola pela primeira vez, Auggie precisa se encaixar e lutar contra o preconceito.
3. Zootopia
Essa animação super divertida acompanha a história de Judy Hopps, uma coelhinha que sonha em se tornar policial.
Por ser muito menor que os demais candidatos à profissão, Judy frequentemente sofre com o preconceito.
Zootopia ensina a acreditar em si mesmo e a não desistir dos nossos sonhos.
4. Enrolados
Engane-se quem pensa que os filmes com princesas da Disney só têm ensinamentos antiquados.
O filme Enrolados conta a história da Rapunzel.
Nessa história, a menina de longos cabelos que fica presa em uma torre é curiosa, esperta e otimista, e ela desafia o par romântico Flynn Rider a se desenvolver como pessoa.
5. Toy Story
Quem não conhece Toy Story, não é mesmo?
Um dos filmes mais famosos entre as crianças, Toy Story conta a história do menino Andy e dos seus brinquedos, que ganham vida quando ninguém está olhando.
Perda, laços de amizade, os desafios do crescimento são alguns dos temas tratados nessa animação, válida para crianças e para adultos também.
Fique tranquilo: isso passa!
Sabemos que o exercício da paternidade e da maternidade é difícil e exige muita paciência e resiliência.
Manter em mente que você está lidando com pessoinhas em formação pode ajudar a ter a calma e a trabalhar o autocontrole durante os momentos difíceis.
Na ampla maioria dos casos, os episódios de agressividade infantil diminuem conforme a criança cresce.
Mesmo assim, caso você esteja achando que o pequeno está agressivo demais, não custa nada procurar ajuda.
Você já passou por isso no seu ambiente familiar? Conte para nós como você lidou com isso!
7 de março de 2023 às 13:26
Obrigado pela matéria, foi de muita ajuda!👏
24 de maio de 2023 às 07:13
Obrigada de vdd …foi de grande valia o que li aqui ❤
4 de agosto de 2023 às 01:17
Sou avó e a forma como fui educada difere muito do que está sendo proposto nos dias atuais. Lendo seus artigos aprendi muito e vou continuar estudando pra poder compartilhar melhor a convivência com os netos.