Criação neurocompatível

Criação Neurocompatível: O que é, Benefícios e Como Aplicar?

Quando se tem filhos, a cobrança e a expectativa de estar fazendo a coisa certa na educação dos pequenos é um assunto / tema que ocupa muito a mente dos pais.

Ninguém é perfeito, é claro. E, na maioria dos casos, os pais fazem o melhor que podem com o conhecimento que têm.

Mas e se existisse uma forma de aliviar essa insegurança?

A criação neurocompatível é exatamente isso!

Uma forma de criar os pequenos com amor, acolhimento e respeito, livrando-se de comparações e diminuindo a cobrança interna.

Continue lendo e conheça os detalhes dessa maneira de educar!

O que é Criação Neurocompatível?

Idealizada pela psicóloga Márcia Tosin, a criação neurocompatível prioriza a educação por meio do diálogo e do respeito, com base na capacidade de compreensão da criança.

É uma forma de educar que respeita o desenvolvimento do corpo e do cérebro.

Opa, espera aí. 

Quer dizer que nem todas as formas de criação levam isso em consideração?

Não é preciso ser tão extremo. 

Certamente, a maioria dos pais e mães não pretende ensinar álgebra a uma criança de três anos, por exemplo.

Embora o conceito seja relativamente novo – surgiu em 2015, quando Márcia Tosin passou a falar sobre isso nas redes sociais -, sempre existiram pais e mães neurocompatíveis. 

São aqueles pais que são vistos pelos outros como permissivos demais ou que deixam as crianças fazerem o que quiserem. 

A criação neurocompatível prioriza o diálogo e tratamento das crianças como seres humanos. 

Os pais procuram respeitar os pequenos e o tempo de desenvolvimento de cada um.

Isso permite que o processo de criação dos filhos seja otimizado e harmônico, porque é mais compatível com o que se espera de um ser humano de acordo com a faixa etária, respeitando o seu tempo, seu desenvolvimento e maturidade.

Simplificando: você, como pai, mãe ou responsável, respeita o ritmo da criança, que é individual e único.

Sabemos que isso parece óbvio – não é isso que todos os pais fazem?

Não, não é. Às vezes, e não por maldade, os adultos esperam demais de uma criança. 

E a criação neurocompatível fala exatamente sobre isso!

Quais são as bases da Criação Neurocompatível?

A criação neurocompatível tem como base 3 ciências:

  1. Psicologia evolucionista
  2. Antropologia
  3. Neurobiologia

Vamos falar um pouquinho sobre cada uma delas!

1. Psicologia evolucionista

Aqui, o comportamento humano é explicado por meio de uma perspectiva evolutiva.

Ou seja: nosso cérebro evoluiu para resolver problemas que existem no ambiente em que crescemos. 

Na educação neurocompatível, busca-se entender as adaptações que o cérebro passou e quais são as reações sugeridas no período da infância.  

Ou seja: será que um bebê realmente deve chorar?

A resposta, na educação neurocompatível, é sim.

Afinal, o processo evolutivo selecionou bebês que choravam quando ameaçados.

2. Antropologia 

A antropologia estuda a origem do ser humano de forma abrangente. 

A ciência busca entender como o ser humano se forma com base na cultura, na linguagem, nas características físicas e nas construções culturais.

Na criação neurocompatível, é preciso ficar atento nos aspectos culturais e também nos costumes da comunidade em que o bebê ou a criança estão inseridos. 

O contexto social também faz parte do desenvolvimento dos pequenos.

3. Neurobiologia

Essa área do conhecimento busca compreender o sistema nervoso, do qual o cérebro faz parte. 

São estudadas respostas emocionais e motivacionais, por exemplo, importantes para a criação neurocompatível.

Busca-se entender as reações das crianças e o motivo pelas quais elas acontecem. 

Para quem a Criação Neurocompatível é indicada?

Idealmente, todos os pais, mães e responsáveis têm condições de colocar em prática a criação neurocompatível.

Mas essa prática é especialmente benéfica para aqueles papais e mamães que se corroem pela culpa e pelo medo de estarem errando na criação dos filhos.

Se você mesmo não se identificar com isso, certamente conhecerá alguém que passou por esses problemas. 

É quando enfrentamos algumas dificuldades que nos fazem duvidar da nossa capacidade como responsável pelos nossos filhos.

Por exemplo, papais e mamães que já leram, pesquisaram, ouviram um milhão de conselhos sobre como fazer os pequenos dormirem por mais tempo, ou comerem melhor, ou estudarem com mais vontade.

Acontece que “melhor” é um padrão imposto pela sociedade. 

Cada criança tem um ritmo, um comportamento, uma personalidade, seu próprio tempo.

Na criação neurocompatível, fica mais fácil para os pais e as mães entenderem e aceitarem essas particularidades, sem comparar o comportamento do filho com o de outras crianças.

Aqui, você segue as regras da sua família, as suas regras. A opinião dos outros é secundária.

5 dicas para aplicar a criação Neurocompatível na prática

Dicas para aplicar a criação neurocompatível

1. Dê bons exemplos

Alimente-se bem, faça exercícios físicos com regularidade, não gaste mais do que ganha, não tenha comportamentos violentos.

Cercar as crianças de bons exemplos fará com que elas internalizem estes comportamentos e cresçam em um ambiente saudável. 

2. A infância do seu filho se comunica com a sua

Busque uma conexão verdadeira com seu filho, por meio do respeito e do carinho.

Escute você mesmo – deixe de lado as opiniões dos outros.  

Ninguém ama mais seu filho do que você! E você saberá como cuidar dele dando o melhor de si – basta ouvir seu coração.

Cuide de você mesmo para não reproduzir traumas e bloqueios da sua própria infância na criação de seus filhos.

3. Seja otimista

Ensine seu filho a superar os problemas. As crianças se alimentam das nossas emoções. 

Então, mesmo que o dia tenha sido difícil ou que as coisas em casa estejam complicadas, tente se mostrar alegre e otimista. 

E caso esteja difícil se mostrar sempre positivo e feliz, saiba conversar com o seu filho e falar sobre seus sentimentos. É importante mostrar que você possui sentimentos, e isso é uma forma de ensinar e promover a empatia.

Assim, as crianças não vão crescer vendo problemas em tudo e saberão que, na vida, existem imprevistos e imperfeições.

4. Abandone as punições

Na educação neurocompatível, castigos, punições e pressões para que a criança se comporte de maneira X ou Y não existem.

A criança é única e todos os princípios da criação neurocompatível se baseiam nessa individualidade.

Lembre-se de que a maneira como a sociedade espera que uma criança se comporte é fruto de uma cultura, e não uma imposição biológica.

Respeite as diferentes fases da vida do pequeno: 

  • Desmame;
  • Desfralde;
  • Primeiros passos;
  • Fala;
  • Alfabetização.

Tudo ocorre no tempo certo, no ritmo da criança, e embora você possa e deva estimular, não pode impor prazos.

Leia também esse outro artigo sobre educar crianças desobedientes.

5. Não se comporte de forma autoritária

Na criação neurocompatível, não existe hierarquia nem relações de poder. Todos se tratam com respeito e harmonia.

A ideia é formar uma rede de apoio sólida, na qual adultos e crianças são igualmente importantes e responsáveis pela boa convivência. 

Acha muito para exigir de uma criança? Elas também aprendem através do exemplo e correspondem à forma como são tratadas.

Então, se forem tratadas com respeito, certamente, agirão da mesma maneira!

5 benefícios da Criação Neurocompatível para pais e filhos

1. Resiliência 

Crianças desenvolvidas através da criação neurocompatível tendem a se tornar adultos mais resilientes e preparados para os percalços (desafios) da vida. 

E a maioria encara os problemas com otimismo, sem se deixar desmoronar! 

2. Independência 

Quanto mais independente a criança for na infância, mais independente ela será na forma adulta.

Crianças são vulneráveis. Por isso, a natureza a preencheu com o sentimento de dependência. 

A dependência é a estrutura de segurança necessária para que uma criança possa se desenvolver.

A criança sente, naturalmente, vontade de ter autonomia, de fazer coisas sozinha.

O adulto, em vez de deixar que ela descubra os próprios limites, tende a resolver os problemas por ela. 

Ao permitir que a criança tente, mesmo com supervisão, você estará ajudando a criar um adulto independente, sem medo de tentar.

3. Autoestima e autoconfiança 

Na criação neurocompatível, preconiza-se o elogio como forma de recompensa. 

Elogios geram o sentimento de confiança, o que constrói autoestima infantil e autopercepção consistentes. 

Além disso, estimula os pequenos a serem persistentes, trabalhadoras e cooperativas. 

Não se preocupe: seu filho não será mimado demais por ser elogiado.

4. Alivia o sentimento de culpa

A criação neurocompatível liberta os pais e as mães daquele sentimento de que os filhos estão se comportando de forma inadequada e que, claro, a culpa é sua.

Chorar, espernear, negar comida, dormir pouco, fazer birra – tudo isso é chato, mas é um comportamento esperado para a infância.

Ah, o filho do vizinho não faz isso? Que sorte!

Mas o seu filho faz. E isso é perfeitamente normal. 

Você conhece seu filho melhor do que ninguém. Confie no seu processo e no processo dos seus pequenos. 

5. Ressignificar a infância

Para adultos que foram criados com punições, é especialmente difícil entender que essa não é a maneira mais indicada para criar um filho.

A tendência é a de repetição de padrões e de comportamentos que nos foram ensinados, certo?

Então, ao optar pela criação neurocompatível, além de estar proporcionando uma infância repleta de acolhimento e amor, o adulto também ressignifica a própria experiência. 

Leituras indicadas para entender a criação neurocompatível

1. Criação Neurocompatível: uma visão revolucionária sobre o desenvolvimento infantil

Márcia Tosin

Primeiro livro da psicóloga, baseado no conhecimento que adquiriu ao longo do trabalho com crianças e adolescentes.

2. Por que o amor é importante: como o afeto molda o cérebro do bebê

Sue Gerhardt

É um dos livros mais indicados para quem quer se inserir nesse universo da criação com respeito e amor. 

O livro fala sobre os efeitos do amor no cérebro e explica os motivos pelos quais o afeto é essencial no desenvolvimento dos humanos.

3. Nossa infância, nossos filhos: como acolher a criança que temos dentro de nós para educar com mais conexão e respeito

Thais Basile

A autora faz uma reflexão sobre como a infância dos pais reflete na forma como os filhos são criados.

4. Abrace seu filho

Thiago Queiroz  

Conhecido como Paizinho Vírgula, o autor fala sobre a importância do acolhimento e do abraço na infância e sobre a construção de uma relação de confiança entre pais e filhos.

5. O drama da criança bem dotada: como os pais podem formar (e deformar) a vida emocional dos filhos

Alice Miller 

Nesse livro, a autora aborda como a maneira como as pessoas são criadas pelos pais pode desviar o indivíduo da própria natureza.

6. O cérebro da criança: estratégias evolucionárias para nutrir a mente em desenvolvimento do seu filho e ajudar sua família a prosperar

Daniel J. Siegel e Tina PayneBryson

Best-seller do New York Times, o livro fala sobre como a criança pensa e como o cérebro dela funciona em cada fase de desenvolvimento.

7. Educação não-violenta: como estimular autoestima, autonomia, autodisciplina e resiliência em você e nas crianças

Elisama Santos

A autora fala sobre uma opção à educação autoritária. É um ótimo guia para quem busca uma forma mais respeitosa de se comunicar com os filhos.

Trate seus filhos como seres humanos

É simples e complicado ao mesmo tempo, não é mesmo?

Simples porque não é algo que requer uma metodologia complicada.

É complicado porque, se você teve uma infância com pais rigorosos, pode ser difícil aplicar a criação neurocompatível.

Se perdoe e perdoe quem criou você.

Deixando de lado nossos padrões, podemos oferecer uma criação livre de comparações e repleta de carinho, amor, compreensão e afeto.

Vale a tentativa, não é mesmo?

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