Depressão Pós-parto: sinais, causas e como tratar

A chegada de um bebê pode ser um dos momentos da vida mais encantadores para os pais.

Após nove meses de espera enfrentando os desafios da gestação, finalmente é possível carregar no colo, sentir a pele macia e delicada e ficar por horas admirando aquele ser tão pequeno.

É um verdadeiro sonho, não é mesmo?

Um sonho que, embora encantador, pode se desfazer rápido e despertar algumas famílias para uma triste realidade que afeta mais de 25% das mulheres no Brasil, segundo um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ).

Estamos falando da depressão pós-parto (DPP).

Uma doença silenciosa, que chega aos poucos, mas com potencial significativo de comprometer vínculos afetivos entre mãe e bebê.

Se você tem depressão pós-parto ou está grávida e tem medo de adquirir a doença, saiba que a DPP tem tratamento e prevenção.

Neste artigo trazemos informações sobre esse assunto que vão ajudar você a compreender melhor essa doença e a procurar a ajuda correta.

E se você conhece alguém que está passando por essa situação e deseja ajudar, aqui também é o lugar certo: 

Mostramos alguns passos que podem ser dados para contribuir de forma positiva com a saúde daquela pessoa querida. 

O que caracteriza a depressão pós-parto?

O que caracteriza a depressão pós-parto

Segundo o Ministério da Saúde, depressão pós-parto se caracteriza como “Uma condição de profunda tristeza, desespero e falta de esperança que acontece logo após o parto”.

Apesar do parto ser um momento único para cada mulher (algumas o vivenciam em êxtase, outras com mais receios), é comum a exaustão e o cansaço nas horas e dias seguintes ao nascimento do bebê.

Passado esse período, apesar da nova rotina com o pequeno também exigir da mãe um grande esforço, é esperado que esse esgotamento diminua aos poucos.

Porém, se após três semanas esse sentimento persistir e vier acompanhado de melancolia intensa, grande desmotivação para lidar com o dia a dia, uma enorme tristeza junto a um sentimento de desespero contínuo, é importante ligar o alerta:

Esses podem ser sinais de depressão pós-parto (DPP).

Vale ressaltar, porém, que esses sinais também podem surgir de forma tardia, durante o primeiro ano de vida do bebê.

Ainda hoje há certos estigmas em torno da depressão pós-parto, visto que parte da sociedade infelizmente a enxerga como falha de caráter ou fraqueza.

Muitas vezes há um julgamento de não estar cumprindo com o seu papel materno por falta de vontade ou despreparo, questionando até mesmo a sua integridade e legibilidade de ser mãe.

E isso é muito grave. E se você passa por isso, queremos te lembrar: a culpa não é sua!

Por isso, é bom ter em mente que a depressão pós-parto não se trata de uma condição de escolha ou mau caráter, mas sim de saúde pública.

Logo, requer cuidado e amparo, não julgamentos.

Homens têm depressão pós-parto?

Em muitos casos, é comum que homens que vivenciam a paternidade se sintam excluídos e carentes de atenção.

E podem apresentar os mesmos quadros de tristeza, cansaço e irritabilidade que as mulheres nesse mesmo período de três meses a um ano após o nascimento do bebê.

Porém, ainda não há um senso comum sobre o assunto.

Por outro lado, o Ministério da Saúde afirma que com os avanços nos estudos, tem-se comprovado que homens também podem desenvolver o problema.

Seja afirmativa ou não a definição, reforçamos que todo quadro depressivo necessita de acompanhamento e ajuda profissional médica.

Para homens que vivenciam a paternidade ativa, estar clinicamente bem é essencial para estar preparado para cuidar e criar de seu filho, como também para dar suporte à mãe.

O que causa a depressão pós-parto?

Não existe uma causa única para o surgimento da depressão pós-parto. Em geral, são uma série de fatores que ocasionam o aparecimento da doença:

Porém, é de comum acordo dentro da medicina que o surgimento da doença é causado principalmente pelo desequilíbrio hormonal em razão do fim da gravidez.

Para deixarmos mais claro, listamos aqui algumas condições que podem influenciar e causar a depressão pós-parto:

  • Histórico da doença em uma gravidez anterior;
  • Histórico de depressão antes da gravidez;
  • Ter pessoas na família que estão passando pela depressão;
  • Problemas decorridos durante a gravidez (parto prematuro ou bebê com problemas congênitos, por exemplo);
  • Sentimentos complexos relacionados à gravidez (por exemplo, gravidez não planejada ou pensamentos de encerramento da gravidez);
  • Questões sociais relacionadas a falta de condições financeiras e estruturais para a criação do bebê;
  • Privação do sono;
  • Isolamento;
  • Má alimentação;
  • Sedentarismo;
  • Falta de rede de apoio (parceiro, família);
  • Ansiedade, estresse ou outros transtornos mentais;
  • Problemas relacionados à amamentação.
  • Vício em álcool e outras drogas.

Nos homens, de acordo com o Ministério da Saúde, a depressão pós-parto pode surgir da preocupação em não se sentir capaz de educar um recém-nascido

Junto a isso, está a ansiedade em prover uma boa vida para a criança, o aumento das responsabilidades e o suporte que deve dar a parceira.

17 sintomas de depressão pós-parto

17 sintomas de depressão pós-parto

Sabemos que, em cada caso, a doença se manifesta de formas diferentes e particulares.

Isso significa que uma mulher nesta condição de saúde não necessariamente apresentará todos os sintomas citados abaixo.

O conhecimento deles, porém, ajuda a mulher e sua rede de apoio no reconhecimento da possibilidade de surgimento da DPP.

Além de auxiliar na busca rápida pela ajuda médica, diminuindo os impactos da doença ao menor período de tempo possível.

Confira os 17 principais sintomas da depressão pós-parto:

  1. Perda de interesse ou prazer em atividades diárias;
  2. Perda de interesse ou prazer em atividades/ coisas/ pessoas que antes gostava;
  3. Perda ou ganho de peso;
  4. Vontade de comer mais ou menos do que o habitual;
  5. Desequilíbrio do sono (dormir muito ou não dormir o suficiente);
  6. Inquietação e indisposição constante;
  7. Cansaço extremo;
  8. Sentimento de indignação ou culpa;
  9. Dificuldade de concentração e tomada de decisões;
  10. Ansiedade e excesso de preocupação;
  11. Ataques de pânico;
  12. Desinteresse sexual;
  13. Dores de cabeça e no corpo;
  14. Perda de interesse ou preocupação com o bebê sem motivos aparentes;
  15. Sentimento de não ter capacidade de cuidar do bebê ou de ser uma mãe adequada;
  16. Medo de machucar o bebê;
  17. Ideação suicida.

Esses sintomas podem ser presentes em casos mais leves ou moderados da doença.

Em casos mais raros, a depressão pós-parto pode se agravar e se desenvolver para uma psicose pós-parto, na qual a mulher apresenta sintomas mais específicos, como:

  • Delírios; 
  • Alteração do pensamento e julgamento;
  • Alucinações que podem ser visuais, olfativas e auditivas;
  • Vontade extrema de fazer mal ao o bebê, a si mesma ou a qualquer pessoa;
  • Sono perturbado, mesmo quando o bebê está dormindo;
  • Desconexão com o bebê e pessoas ao redor.

Portanto, reforçamos que ao menor indício de qualquer um destes sintomas, a ajuda médica precisa ser buscada imediatamente.

Como é feito o diagnóstico da depressão pós-parto?

Apesar dos sintomas serem bem específicos, nem sempre são causados pela depressão pós-parto.

Por isso a importância do acompanhamento médico para um diagnóstico preciso e certeiro, possibilitando um tratamento eficaz.

Durante a gravidez, é crucial o acompanhamento médico não apenas para monitorar as probabilidades de surgimento da DPP, mas também para garantir o bem-estar da mãe e do bebê.

Caso a mulher não apresente indícios de risco antes do parto, ela responderá a um questionário durante a consulta, fornecendo ao psiquiatra uma visão clara da situação.

O diagnóstico segue uma abordagem similar ao da depressão “convencional”: 

Após identificar os sintomas, há um acompanhamento de aproximadamente duas semanas para observar a evolução do quadro – se os sintomas diminuem, persistem ou aumentam.

Nos casos em que a mulher está profundamente deprimida, pode ser solicitado um exame de sangue para avaliar se há alterações hormonais devido à tireoide, por exemplo, que estejam causando os sintomas.

É importante lembrar que nem sempre é fácil para a mulher reconhecer e admitir os problemas relacionados à maternidade que podem indicar DPP.

Por isso, destacamos a  importância de uma rede de apoio para encorajá-la a buscar ajuda médica ao identificar tais sintomas.

Tratamentos para a depressão pós-parto

Tratamentos para a depressão pós-parto

Geralmente, são recomendados antidepressivos sob prescrição médica com um acompanhamento psicoterapêutico.

É fundamental ressaltarmos que o uso de medicamentos deve ser estritamente prescrito por um médico.

Em alguns casos, o profissional de saúde pode sugerir psicoterapias em grupos ou grupos de apoio.

Essas alternativas proporcionam um ambiente acolhedor para compartilhar experiências com pessoas que enfrentam desafios semelhantes.

Embora o atendimento clínico se concentre na mãe, o apoio da família, parceiro(a) e amigos é essencial para incentivar e apoiar o tratamento contínuo.

Em alguns casos, também pode ser recomendado:

  • Exercícios para fortalecer os laços entre paciente e bebê;
  • Presença de um(a) babá durante meio período ou tempo integral;
  • Terapia hormonal.

Nos casos mais graves de psicose pós-parto, o tratamento imediato e, às vezes, a internação hospitalar são recomendados.

Isso garante o contato da mãe com o bebê em um ambiente seguro.

Medicamentos como antidepressivos, antipsicóticos e estabilizadores de humor podem ser prescritos para controlar os sintomas, embora possam interferir na amamentação.

Por isso, nos casos de necessidade de uso, podem haver períodos de afastamento do bebê como forma de proteção para ambos.

Todos esses tratamentos também são oferecidos integralmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), de forma gratuita.

É possível prevenir a depressão pós-parto?

É possível prevenir a depressão pós-parto

Não só é possível, como a prevenção é sempre o melhor caminho.

Como discutimos anteriormente, uma das causas da depressão pós-parto é o histórico pessoal ou familiar de doenças psiquiátricas.

Portanto, fazer o acompanhamento médico durante a gravidez é um passo importante. 

Nas consultas de pré-natal, é crucial comunicar ao médico essas questões.

Além da ajuda médica, prevenir a DPP também envolve autocuidado e apoio mútuo

Por isso, aqui estão algumas dicas para as mamães se prevenirem ou para você ajudar alguém que conheça e esteja passando por essa situação. 

O que você pode fazer por si mesma:

  • Peça ajuda de outras pessoas para garantir que você consiga dormir bem, manter uma alimentação saudável, fazer exercícios físicos e receber apoio sempre que possível;
  • Reserve tempo de qualidade para si mesma;
  • Mantenha pensamentos positivos sempre que possível;
  • Evite o isolamento;
  • Evite consumir cafeína, álcool e outras drogas ou medicamentos, a menos que recomendado pelo seu médico;
  • Se estiver preocupada com a depressão pós-parto, marque seu primeiro check-up pós-natal o mais cedo possível;
  • Converse com outras mães, profissionais da saúde, famílias e rede de apoio para entender melhor todo o processo de gestação, parto e pós-parto.

O que fazer para ajudar alguém com depressão pós-parto?

  • Não invalide ou minimize os sentimentos da mulher;
  • Demonstre que a rede de apoio está presente, próxima e ao lado dela;
  • Ofereça apoio durante e após a gestação, permitindo que a mulher valide a rede de apoio que a cerca;
  • Encoraje e apoie a busca por ajuda médica, acompanhando-a nas consultas e demonstrando interesse e suporte diante das dificuldades;

5 dúvidas comuns sobre depressão pós-parto

1. A depressão pós-parto traz consequências?

    Sim, inúmeras.

    Não apenas para a mulher, mas também para o bebê, especialmente no que diz respeito ao aspecto de vínculo afetivo entre mãe e filho.

    Para a mulher, além dos sintomas que mencionamos, a depressão pós-parto, quando não tratada, pode gerar sentimentos de culpa e invalidação pessoal diante das questões maternas.

    No que diz respeito à desconexão afetiva entre mãe e bebê, há consequências relacionadas ao risco de interrupção precoce do aleitamento materno.

    2. Baby Blues e Depressão pós-parto são a mesma coisa?

      Não. O Baby Blues é um período que ocorre aproximadamente nos primeiros 40 dias após o parto, durante o qual a mulher passa por um período de modificações físicas e hormonais no corpo.

      Isso pode resultar em sentimentos de melancolia, tristeza, sensibilidade, fragilidade e cansaço, que são comuns e duram apenas algumas semanas.

      A diferença em relação à depressão pós-parto está na duração e na intensidade desses sintomas, que podem persistir por um período muito maior.

      Por isso, é importante o acompanhamento médico, que realiza uma análise clínica precisa e distingue cada caso.

      3. Quanto tempo dura a depressão pós-parto?

        Depende de cada caso. Em geral, a depressão pós-parto pode durar meses ou até anos, se não for tratada.

        4. A depressão pós-parto acontece apenas na primeira gestação?

          Não. A depressão pós-parto é uma condição que pode aparecer em qualquer gestação. 

          No entanto, há maior probabilidade de recorrência nos casos em que a doença já se manifestou na primeira gravidez.

          5. A depressão pós-parto pode se tornar algo ainda mais intenso?

            Sim, mas é raro. Em casos muito atípicos e mais severos de DPP, a doença pode evoluir para psicose pós-parto.

            Mulheres com transtorno bipolar ou histórico de psicose pós-parto estão mais suscetíveis a desenvolver essa complicação e apresentar os sintomas que citamos anteriormente:

            • Delírios; 
            • Alteração do pensamento e julgamento;
            • Alucinações que podem ser visuais, olfativas e auditivas;
            • Vontade extrema de fazer mal ao o bebê, a si mesma ou a qualquer pessoa;
            • Sono perturbado, mesmo quando o bebê está dormindo;
            • Desconexão com o bebê e pessoas ao redor.

            A depressão pós-parto tem cura e você não está sozinha!

            Os desafios da maternidade são enormes e enfrentar a depressão pós-parto também não é uma tarefa fácil. 

            Buscar ajuda é essencial para superar essa fase e seguir em frente com a vida mais plena. 

            Lembre-se: a culpa não é sua!

            E se você conhece alguém que esteja passando por essa doença, incentive-a a buscar ajuda especializada e ofereça apoio. 

            Uma rede de apoio é fundamental para superar essa fase desafiadora.

            E falando em apoio, o Berçário da Escola Portal frequentemente realiza palestras e conversas com especialistas para esclarecer dúvidas sobre essas e outras questões do universo infantil.

            Além de atualizar constantemente o blog com reflexões e informações sobre os assuntos.

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